Aqui o negro é nada, agora o negro é pouco, humilhado,
Espancado, sua coragem em frangalhos.
Mas dorme no peito do negro, latente ódio, e um grito de
Liberdade.
Quando eu venho de Iluanda eu, não venho só,
Quando eu venho de Iluanda eu, não venho só,
Quando eu venho de Iluanda eu, não venho só,
Quando eu venho de Iluanda eu, não venho só,
Trago meu corpo cansado,
Coração amargurado, saudade, fazem dó
Quando eu venho de Iluanda eu, não venho só,
Quando eu venho de Iluanda eu, não venho só,
Quando eu venho de Iluanda eu, não venho só,
Quando eu venho de Iluanda eu, não venho só,
Eu fui preso a traição, trazido na covardia,
E se fosse luta honesta, de lá ninguém me trazia,
Na pele eu troce a noite, na boca brilha o ar,
Trago a força e a magia presente dos orixás
Quando eu venho de Iluanda eu, não venho só,
Quando eu venho de Iluanda eu, não venho só,
Quando eu venho de Iluanda eu, não venho só,
Quando eu venho de Iluanda eu, não venho só,
Eu trago ardendo nas costas, o peso desta maldade,
Trago ecoando no peito, o grito de liberdade,
É grito de raça nobre, grito de raça guerreira,
É grito da raça negra, é grito de capoeira.
Quando eu venho de Iluanda eu, não venho só,
Quando eu venho de Iluanda eu, não venho só,
Quando eu venho de Iluanda eu, não venho só,
Quando eu venho de Iluanda eu, não venho só,
Quem È Você Que Acaba De Chegar
Quem è você que acaba de chegar
Quem è você que acaba de chegar
Quem è você que acaba de chegar
Eu sou o besouro preto
Besouro de Mangangà
Eu vim là de Santo Amaro
Vim aqui sò prà jogà
Quem è você que acaba de chegar
Eu sou o Mestre Zapata
Me chamam de Mangangà
Bala de rifle não pega
Que dirà faca prà matà
Quem è você que acaba de chegar
Eu sou o Besouro Preto
Besouro de Mangangà
Ando com o corpo fechado
Carrego meu patuà
Quem è você que acaba de chegar
Aqui em Maracangalha
Você não vai escapar
Contra faca de tucum
Ninguem pode se salvar
Quem è você que acaba de chegar
Tava Lá Em Casa
Tava lá em casa ó ia ia sem pensar nem imaginar Tava lá em casa ó ia ia sem pensar nem imaginar Quando ouvi bater na porta Quando ouvi bater na porta ó ia ia Salamão mandou chamar Era hora de lutar Para adjudar a vencer Para adjudar a vencer ó ia ia A batalha liderar Eu que nunca foi de lutar Nem pretendia a lutar amigo velho Botei a arma na mão Era tempo de lutar Era hora de lutar
Tempo de Lutar
Uma Vez Perguntaram A Seu Pastinha
Iê!
Uma vez
Perguntaram a Seu Pastinha
O que é a capoeira
E ele
Mestre velho e respeitado
Ficou um tempo calado
Revirando a sua alma
Depois respondeu com calma
Em forma de ladainha
A capoeira
É um jogo, é um brinquedo
É se respeitar o medo
E dosar bem a coragem
É uma luta
É manha de mandingueiro
É o vento no veleiro
É um lamento na senzala
É um corpo arrepiado
Um berimbau bem tocado
O riso de um menininho
Capoeira é o vôo de um passarinho
Bote de cobra coral
Sentir na boca
Todo o gosto do perigo
E sorrir para inimigo
Apertar a sua mão
É o grito de Zumbi
Ecoando no quilombo
É se levantar de um tombo
Antes de tocar o chão
É o odio
E a esperança que nasce
Um tapi explodiu na face
Foi arder no coração
Enfim
É aceitar o desafio
Com vontade de lutar
Capoeira é um pequeno navio
Solto nas ondas do mar
É um barquinho pequenino
Solto nas ondas do mar
Um barco que segue sem destino
Solto nas ondas do mar
É um barquinho de um menino
Solto nas ondas do mar
Devagar na vida, peregrino
Solto nas ondas do mar
É un peixe, é um peixinho
Solto nas ondas do mar
Vamos Embora
Vamos embora ê ê Vamos embora camara Vamos embora ê ê Vamos embora camara Pro mundo afora ê ê Pro mundo afora camara Pro mundo afora ê ê Pro mundo afora camara Já tá na hora ê ê Já tá na hora camara Já tá na hora ê ê Já tá na hora camara